18 agosto 2015

O fato e suas implicações

Reducionismo inconsequente

José Luis Simões*

Aqui vai uma breve opinião sobre o que ouvi ontem de manhã (16/08), quando estava praticando exercícios no calçadão da praia de Boa Viagem.
Um dos líderes do movimento que organizou a manifestação pelo "Impeachment de Dilma" bradou no microfone: "Esse governo da presidenta Dilma só aprova leis imorais, o pai não pode dar uma tapa no filho que vai preso, mas os adolescentes usam drogas à vontade pelas ruas e nada acontece".
Sinceramente, essa afirmação é de um reducionismo vergonhoso. Primeiro, o conjunto de leis federais é aprovado pelo Congresso Nacional, onde há representantes de todas as forças políticas, deputados e senadores eleitos pelo voto popular a cada quatro anos. Se uma determinada Lei Federal prejudica algum segmento da população temos que, coletivamente, protestar e lutar para sua alteração ou supressão. Segundo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece medidas punitivas para o adolescente infrator e a FUNASE está repleta de adolescentes internos (ou seja, presos) e em semiliberdade. É claro que há necessidade de mais segurança nas grandes cidades e combate mais rigoroso ao narcotráfico, o que devemos continuar exigindo dos governos.
Respeito cada cidadão e cidadã que participou das manifestações ontem, pois é próprio do regime democrático a liberdade de expressão e o direito à crítica e às manifestações populares.
Todavia, na minha humilde opinião, havia discursos desqualificados. Sem pauta, sem noção, sem política, apenas certo revanchismo de quem perdeu nas urnas e quer o "Fora Dilma" a qualquer preço, sem uma justificativa plausível ou necessidade de provas que liguem a presidenta Dilma a qualquer episódio de corrupção.
Não à corrupção. Não ao golpismo. Viva à democracia.
A luta continua, sempre!
*Professor da Universidade Federal de Pernambuco, ex-presidente da Adufepe
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