17 setembro 2015

Pacto necessário

Para onde vamos?

Luciano Siqueira, no portal Vermelho                                          

Mar revolto, tempestade persistente, bússola avariada, ameaças por todos os lados... Para onde vamos?

A pergunta há de assaltar o espírito do principal interessado, o povo brasileiro – que se vê ameaçado em suas conquistas e não enxerga perspectivas claras na linha do horizonte.

Verdade que o governo se esforça em resolver a ingente e imediata questão do equilíbrio das contas públicas. E percorre o caminho que parece possível – na atual correlação de forças no Brasil e no mundo -, pleno de contradições e em confronto direto com interesses de variados segmentos da população, inclusive dos trabalhadores. Uma receita de remédios amargos – e caros.

Aqui e mundo afora, botar e economia em funcionamento em padrões minimamente razoáveis emerge como o primeiro dever de quem governa.

O nó está nas condições políticas para tanto.

Na Grécia, acontece talvez o exemplo mais emblemático da complexidade da empreitada. Um primeiro ministro chega ao poder ancorado num partido de extrema esquerda, sustentando uma plataforma de enfrentamento da troika (Comissão Econômica Europeia, FMI e Banco Central Europeu) e de negação do receituário neoliberal; faz aliança com a extrema direita para alcançar maioria mínima (e instável) no parlamento; recorre a um plebiscito, obtém maioria superior a 60% e, finalmente, como que numa autêntica tragédia grega, assina os acordos que lhe são impostos pela Alemanha e aliados. Em seguida renuncia para provocar novas eleições parlamentares e, quem sabe, conquistar maioria que propicie o retorno ao poder e a retomada do caminho que não pôde trilhar.

Aqui, consideradas as peculiaridades brasileiras, o nó também é cego e é difícil desatá-lo. Depende mais da política do que propriamente da economia. Por isso, o barco continua quase à deriva, ameaçando a sorte de todos.

No centro da discussão, agora, o novo pacote de medidas de ajuste anunciado pelo governo. A oposição brada por mais cortes e nenhum imposto. Mais não diz, pois lhe falta compromisso com os rumos do País. Caso dramático de irresponsabilidade política: é contra, mas não apresenta alternativas. A “solução” há de ser, segundo seus desígnios, a interrupção do mandato da presidenta Dilma, a qualquer custo.

O mote se expressa pela boca de oportunistas de todos os matizes. Invariavelmente lastreado numa argumentação política e juridicamente absurdamente frágil.

Cá da província, onde os efeitos do impasse se fazem pesados em nível estadual e municipal, pensamos como o poeta: “Não sei para onde vou/Sei que não vou por aí!”
Não é o caso de ir pelo torpedeamento da governabilidade, nem pela ruptura democrática. O mandato de Dilma é intocável.

É o caso de ir, sim, pela busca de um pacto nacional amplo, sustentado numa agenda pós-ajuste, para o qual convirjam uma maioria política e parlamentar e as representações dos trabalhadores e do empresariado. Para preservar conquistas e seguir adiante.
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