22 outubro 2015

Acirrado conflito

Duas táticas da direita na luta pelo retrocesso

Luciano Siqueira, no portal Vermelho

O jogo é pesado e tem motivações muito mais profundas do que o que aparece na superfície – que por si já tem o peso de cinquenta transatlânticos, a tentativa de interromper o mandato da presidenta Dilma.
As mudanças operadas no País nos últimos doze anos, se não superaram a enorme desigualdade entre o povo e os que monopolizam a produção, a renda e a riqueza, apontam para um projeto de desenvolvimento oposto ao que estava estabelecido quando Lula derrotou Serra, em 2002.
Dali em diante, vem se operando uma transição do modelo de desenvolvimento neoliberal e para o seu inverso, ainda em construção.
Essa transição, o PCdoB já advertia em sua 9a. Conferência Nacional, ocorrida em meados de 2003, seria, como vem sendo, marcada pelo permanente conflito entre o velho, que se pretende superar, e o novo que se deseja implantar e consolidar.  
A correlação de forças daria, como tem dado, o conteúdo e ritmo das transformações em curso, inclusive implicando retrocessos temporários.
O pleito de 2012 resultou na quarta vitória do povo na disputa pela presidência da República, mas também numa derrota expressiva quanto à composição da Câmara dos Deputados e do Senado. 
Essa contradição recebe o tempero do agravamento da crise global, a que se ajunta a maior seca do Nordeste nos últimos oitenta anos, a crise energética no Centro-Sul, a queda brutal da arrecadação do governo federal, o rebaixamento dos preços das commodities no mercado internacional e tantas outras variáveis negativas.
Mais: atrasos estruturais da indústria nacional, carente de inovação que lhe assegure maior produtividade e competitividade internacional e vítima de anêmica logística interna. 
De quebra, o ambiente social contaminado pelas denúncias de corrupção, sobretudo pelos estragos causados pela polêmica Operação Lava Jato.
Nesse caldo de cultura, proliferam os intentos da direita para abortar a transição ao novo modelo e retroagir plenamente aos fundamentos neoliberais. 
Para tanto, tucanos e aliados, com participação direta do complexo monopolista midiático, utilizam duas táticas em favor do retrocesso: a do golpe imediato, via impeachment; e a de "fazer sangrar" o governo, inviabilizando-o, tendo em mira o ambiente eleitoral da sucessão de Dilma. 
O imediatista e atabalhoado Aécio Neves e seu bando seguem a primeira tática; com a segunda tática jogam o governador Geraldo Alckmin e grupos conservadores mais consequentes.
A presidenta, o governo e o partido hegemônico na coalizão governista enfrentam a luta - reconheçamos - com exasperante precariedade. Acertos convivem com erros com frequência inquietante.
Urge unidade e coesão de forças mais avançadas, dentro e fora do governo, para que se encontre a saída para a crise política - e assim, evitar o retrocesso.
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