15 junho 2016

Amplitude e marca própria

PCdoB com pensamento próprio em qualquer lugar
Luciano Siqueira, no Blog do Renato

Definitivamente, é impossível resumir a realidade num samba curto. Sobretudo num país como nosso, imenso e pleno de desigualdades sociais e diversidades regionais de toda sorte.

Mais ainda em tempo bicudo como este, em que sofremos os efeitos nefastos da crise global e nos movemos no movediço terreno de uma múltipla crise – política, econômica e institucional.

Isso frustra a quem gostaria de caminhar sob a inspiração de verdades retilíneas e absolutas, sem a necessidade de refletir a cada instante considerando a complexidade dos problemas e das situações.

Militantes do PCdoB e amigos mais próximos, e muitos dos que conosco dialogam nas redes sociais, tendem a cair em armadilhas que dificultam compreender a complexidade da luta política.

Uma armadilha comum é questionar uma suposta contradição antagônica entre a nossa presença em governos e a necessidade de assumirmos nossas opiniões próprias sobre questões complexas que envolvem posicionamentos desses governos.

Assunto muito bem resolvido no Partido, porém não compreendido plenamente. Daí ser recorrente a dúvida.

Militantes comunistas atuam nas mais diversas frentes da luta política e social, cumprindo distintos papéis.

Cada um no seu quadrado, como se diz comumente.

Quem está no governo, normalmente expressa opinião de governo consentânea com o programa pactuado entre as forças coligadas. Trava a batalha de idéias em torno de questões polêmicas nos fóruns próprios de governo, evitando o inconveniente de levá-las a público e fragilizar a unidade da frente que governa.

Sobre o mesmo tema, quando necessário, o PCdoB como instituição independente pode e deve se pronunciar oficialmente.

O portal Vermelho, principal órgão de comunicação do PCdoB, jamais deixou de criticar os fundamentos macroeconômicas persistentes nos governos Lula e Dilma, por exemplo. Na crise atual, integrando coalizões municipais como a que governa o Recife, por exemplo, os comunistas em momento algum deixaram de opinar e agir segundo a linha do Partido, diferenciando-se com nitidez.

Além disso, na esfera dos movimentos sociais – sindicados, entidades estudantis, associações comunitárias, organizações populares diversas – que guardam independência e autonomia em relação ao governo, podem e devem se pronunciar conforme a opinião consensuada em seus fóruns próprios. Apoiando ou combatendo medidas ou política de governo.

No parlamento, se integramos a bancada governista, normal que votemos com o governo. Contudo, em determinadas questões de elevada relevância, sobre as quais o PCdoB tenha posição divergente, cabe ao líder da bancada, na hora do encaminhamento da votação, usar do expediente regimental que é a “declaração de voto” e expressar a opinião partidária.

Tudo às claras. Nada incongruente. E de modo compreensível e – vale acentuar – absolutamente educativo para a militância e a população em geral, que precisam assimilar a complexidade da luta política, espelho da realidade como ela é.

Simplificações reducionistas levam a lugar nenhum. Pior: levam à inconseqüência ou ao imobilismo.

Daí a necessidade de amplo, intenso e permanente debate, arrostando a complexidade dos problemas e a inarredável necessidade de adotarmos opinião própria em qualquer lugar ou situação. Raciocinando dialeticamente e tendo a linha política e a orientação tática partidária como norte.

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