22 junho 2016

Caminho possível

Pacto nacional e saída política
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Não se discute a dimensão e a gravidade da crise em que está envolto o Brasil. Perversa confluência da crise sistêmica e estrutural do próprio sistema capitalista mundial com fragilidades estruturais de nossa própria economia e erros de governo.
Acresce a instabilidade política institucional, na esteira do esgarçamento e da perda de credibilidade dos três poderes da República.
Demais, com a fragilidade dos grandes partidos e o borramento da imagem dos seus principais líderes, há evidente carência de interlocutores, na cena nacional, capazes de buscar - como em outros momentos críticos de nossa história republicana - soluções consistentes para os impasses que se acumulam.
O governo Temer - interino e carente de respaldo institucional e de credibilidade - está a anos luz de distância de qualquer possibilidade de ser a solução. Ao contrário, investe alucinadamente contra conquistas alcançadas na última década e meia e retorna, com sofreguidão incomum, ao figurino neoliberal derrotado nas urnas quatro vezes seguidas na era pós-FHC.
O Congresso Nacional, palco natural de tratativas em favor de alternativas viáveis, a cada dia soçobra sob a espada de Dâmocles dos casos de corrupção.
Nesse contexto, há que se tentar uma saída política via um pacto nacional, que viabilize uma ampla consulta à sociedade através de um plebiscito acerca da antecipação das eleições presidenciais.
A fórmula jurídica se encontra - como comumente acontece em situações assim.
Tal pacto pressupõe tanto a inviabilidade política da continuidade do governo Dilma, se o Senado não consumar o impeachment, como do governo Temer.
Desse modo, reuniria o movimento democrático que se rearticulou e ganha crescente dimensão na contraposição ao impeachment, os movimentos sociais e setores das atuais hostes governistas.
Fácil? Obviamente não. Por isso há um longo e ao mesmo tempo urgente caminho a percorrer, trazendo a lume, inclusive, novos interlocutores verdadeiramente empenhados numa saída política factível.
Novos interlocutores, sim: personalidades com credibilidade ou potencialmente capazes de se afirmarem no processo de entendimento nacional e lideranças políticas emergentes. Pois hoje carecemos de gente como Arraes, Tancredo, Ulysses, Brizola, Franco Montoro e outros, que expressavam, sob diferentes matizes, compromisso essenciais com o interesse público, hoje tão escassos na maioria dos personagens presentes da cena política.
Por enquanto, ainda não suficiente convergência no sentido dessa saída política. Mas a realidade certamente imporá a sua necessidade.

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