05 julho 2016

Governo antipopular

Declaração de guerra
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

O presidente interino Michel Temer, em encontro com grandes empresários, declarou o óbvio: que está disposto a continuar adotando medidas impopulares.
Tão natural quanto o parto no nono mês de gestação!
Isto porque em nenhum momento Temer escondeu a serviço de que interesses pretende governar.
Assim, os cortes continuados de gastos com programas de grande alcance social contrastam com as benesses recém ofertadas ao Judiciário e com anunciada avalanche de liberação de emendas parlamentares destinada a satisfazer o apetite da sua ampla base parlamentar conservadora e fisiológica.
Concomitantemente, a denominada equipe econômica age com sofreguidão no sentido de "botar ordem na economia", equilibrando as contas públicas sem, entretanto, alterar e extorsivo valor da Selic.
Isto significa enquadrar o Brasil plenamente no figurino neoliberal com o qual os verdadeiros comandantes da economia global — o grande capital financeiro — administram a crise sistêmica em curso desde 2008.
O lema é: À oligarquia financeira e aos oligopólios, tudo; aos trabalhadores e ao povo, cada vez menos!
No interino governo Temer, o Brasil é enxergado pelo binóculo invertido da Avenida Paulista.
Mas falta combinar com a maioria da população, que conforme atestam pesquisas recentes não apenas rejeita Temer, como nada de bom dele espera.
Talvez próximo 70% seja a ampla parcela da população que tem se mantido num misto de perplexidade e receio diante da crise política e institucional em que está mergulhado país.
Segundo o Instituto Data Popular, as pessoas não compreendem com clareza o porquê de tanto desmantelo e tamanha instabilidade.
Porém na medida em que conquistas alcançadas nos outros 12 anos justamente pela população mais pobre começam a ser retiradas, parece lícito supor que essa parcela da população reagirá de alguma forma.
Temer e seu grupo atuam rápido para cumprir na medida exata os intentos da elite comandada pelo rentismo. Contam com o apoio ativo da grande mídia e da sua base parlamentar de baixo compromisso público, mas têm em seus calcanhares as crescentes revelações de casos de corrupção que chegam muito próximo ao seu gabinete e ameaçam abrir a porta e entrar. E terão inevitavelmente que enfrentar a resistência popular.
Assim, a reafirmação do caráter abertamente antipopular do seu interino governo soa como declaração de guerra ao povo brasileiro.

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