09 outubro 2016

Dispersão e superficialidade


Consciências anestesiadas

Wellington Pinheiro, no seu blog

Aparentemente, as consciências das pessoas em geral, para além das divisões entre esquerda e direita, seguem anestesiadas, tal qual os anos de 1960. 
É como se estivéssemos vivendo um ensaio de uma realidade distópica, tal qual a descrita no filme britânico "Brazil" (1985), de Terry Gilliam, que descreve uma sociedade absurdamente autoritária, tecnocrática e burocrática. Pouco conhecido aqui no Brasil, é um filme bastante interessante, que aparenta ser uma crítica à ditadura militar que se encerrava naquele ano, em específico, mas que também aponta para um futuro onde o autoritarismo avança enquanto as pessoas vivem felicidades ilusórias no consumo, na religião banalizada por igrejas eletrônicas e seitas de autoajuda, e nas inúmeras festas sem razão aparente.
Mas voltando à realidade brasileira, ensaia-se uma ditadura do Poder Judiciário, mas tanto as análises quanto as ações do campo progressista parecem focar apenas no governo ilegítimo. Juízes, mesmo de primeira instância, tribunais em diversos níveis, e ministério público federal estão mostrando o preço de tê-los mantido intocáveis quando da Constituinte de 1988. 
Esse organismo herdado do regime autoritário cresceu e criou vida própria. Não há aspecto da vida pública que não possa ser judicializado. Seus braços e pernas são a Polícia Federal, monstro autônomo do Poder Executivo. Através dessa articulação entre o Poder Judiciário e a força policial, as Forças Armadas, agora enfraquecidas e desmoralizadas, são dispensáveis, o que se justifica pelo fato de que o novo regime autoritário que emerge do Judiciário não se coloca mais nos marcos do fascismo, e sim de uma direita que, embora violenta, não possui como valor o nacionalismo, dado sua inserção subalterna como sócia menor do capital internacional, seja de forma material e efetiva, seja de forma até espiritual, comungando de valores morais e religiosos importados das potências do Norte global.
Enquanto isso, os retrocessos avançam, sob as bençãos do Poder Judiciário dos mais caros do mundo, mas lento para fazer a Justiça e o Direito chegarem aos cidadãos comuns, trabalhadores e trabalhadoras de um Brasil apequenado por um neoliberalismo tardio.
Precisamos entender melhor o contexto, para não sermos levados por textos que simplificam a realidade em favor de um projeto que beneficia a outros que não nós, brasileiras e brasileiros. O projeto é a crise.
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