11 outubro 2016

Por que não imposto sobre grandes fortunas?

A PEC 241 e a opção da justiça fiscal
Grazielle David, Carta Capital
Em oposição à proposta do governo Temer, que ameaça devastar serviços públicos, é hora de enfrentar tabus e propor mais impostos para os muito ricos
O Brasil vive um período de polarização de ideias, mas impressiona como, no governo federal, entra equipe, sai equipe e o discurso no campo econômico tem sido único e repetido à exaustão: As despesas cresceram demais, não tem orçamento que dê conta de tantas políticas públicas, de tantos direitos. O país estaria falido. Seria hora de "arrumar as contas". Não haveria outra alternativa além do “ajuste fiscal”, de medidas de “austeridade”, para mostrar para o mercado financeiro que estamos comprometidos com o superávit primário, com o pagamento de juros e amortização da dívida.
Mas será que esse discurso único é verdadeiro? Será que de fato não existe alternativa? Examinemos os números.
Ao avaliarmos as despesas, entre 1995 e 2014, passando pelos governos FHC (I e II), Lula (I e II) e Dilma (I), é possível observar uma média praticamente constante da despesa total do setor público entre todos os governos, em torno de 7,7% do PIB.
A exceção é o governo Lula II, quando se chegou a 10,16%, numa política anticíclica para enfrentar a crise econômica global de 2008. Já a despesa primária do governo federal, depois da queda de 50% do governo FHC I para o FHC II, subiu 25% no Lula I, e depois se manteve com uma tendência de queda tanto no Lula II quanto em Dilma I.
Ao avaliar as receitas entre 1995 e 2010, passando pelos governos FHC I e II e Lula I e II, tanto a receita total do setor público quanto a receita primária do governo federal cresceram progressivamente. No governo Dilma I (2011-2014), essa tendência inverte-se, havendo uma redução de 50% da média de crescimento dos dois indicadores.

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