09 novembro 2016

Direita em alta

Não é o fim do mundo, porém um péssimo indicador
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

A assunção de Donald Trump à presidência dos EUA se enquadra na onda conservadora que varre o mundo. Com consequências ainda imensuráveis, sobretudo se ele levar à prática o ódio, a discriminação, o preconceito e o belicismo que marcaram sem tosco discurso de campanha.
Não será o fim dos EUA, nem o prenúncio da extinção do Planeta. Mas é um sinal claro das implicações da crise global – sistêmica, profunda, estrutural – que aflige o mundo, desde 2008, com epicentro no país de Trump, sobre o desenho decadente dessas eleições.
Uma crise unanimemente considerada pior do que a grande débâcle de 1929. Sem sinal de solução à vista.
Faltam pão e razão na maior parte do globo hoje.
Políticas sociais inclusivas sob bombardeio, primado exclusivo da usura e da especulação, o grande capital financeiro no comando de tudo.
No salve-se quem puder, forças políticas à esquerda e progressistas, enredadas em perplexidade e carentes e de alternativas inovadoras, vêm-se constrangidas diante do avanço da direita em quase toda parte.
Escutei hoje um comentarista ponderar que não é a primeira vez que nos EUA se elege um candidato “exótico” (na expressão dele). No início dos anos 80, Ronaldo Reagan, também republicano, elegeu-se duas vezes consecutivas presidente da nação mais poderosa do mundo e o Apocalipse não aconteceu.
Não aconteceu em termos, retruco cá com os meus botões.
Reagan comandou uma fase de intenso intervencionismo norte-americano e de imposição das políticas de conteúdo neoliberal que agora recrudescem.
Como será com Trump?
Bom não será. O império, em dificuldades, terá o comando de forças mais à direita no espectro político, aprofundando o apartheid social e afetando as relações externas em todas as frentes.
Por exemplo: o acordo celebrado em Paris para a redução do aquecimento global, Trump já avisou, dias atrás, num comício, que não cumprirá.
Nessa linha, muito mais virá por aí.
Agora, diferentemente da “era Reagan”, há um cenário de crise e de relativa aceleração da transição do mundo unipolar (sob hegemonia absoluta norte-americana pós-derrocada da União Soviética) para uma nova ordem multipolar, onde pontificam novos centros de influência como a China.
Não será exagero pensar que nova onda de conflitos venha a funcionar como fator de incremento da indústria armamentista norte-americana e das cadeias produtivas a ela associadas para que o novo presidente possa, pelo menos em parte, cumprir o que prometeu aos seus eleitores.

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