27 novembro 2016

Diretas para presidente

Em momentos de crise profunda, unificar a bandeira de luta!

Nilson Vellazquez, em seu blog

A crise brasileira atinge grau cada vez mais agudo no momento atual. O centro da crise política que atinge o Brasil parte do princípio de que o impeachment não pacificaria o país como haviam prometido os golpistas. Muito pelo contrário, ele conflagraria o país, e cada dia mais isso está sendo comprovado.
A confusão é grande. E agrava-se mais ainda por uma falta de saída estruturada pelas esquerdas, que, como sempre em momentos de dificuldade, batem cabeça e brigam entre si pelo posto de vanguarda, como prova de certificar suas teses e demarcar espaço dentro do mesmo campo, deixando de falar para os milhões de brasileiros alheios aos detalhes da luta política institucional, mas preocupados com seus empregos e com o futuro do país no sentido mais geral.
A literatura marxista aponta que a luta pelo socialismo é fruto das contradições intrínsecas do capitalismo (trabalho X capital; produção social X apropriação privada; organização do trabalho X anarquia da produção; proletariado X burguesia; imperialismo X povos explorados). Se por um lado, há o consenso de que, no plano econômico é a contradição organização do trabalho X anarquia da produção o maior fator gerador de crises - as chamadas crises cíclicas do capitalismo; por outro, é necessário que tomemos conhecimento de que a cada realidade dada, de cada país e cada momento, a contradição principal de altera.
No Brasil, não em raros momentos, a contradição que mais importância exerceu na luta política nacional esteve ligada à contradição entre imperialismo e povos explorados. Foi essa contradição, entre nacionalistas e entreguistas que moveu as principais lutas políticas do país, com grande destaque para as lutas do período republicano, que culminou com o suicídio de um presidente, a deposição de outro pelos militares - desaguando em 21 anos de ditadura militar - e o impeachment (golpe) da primeira presidenta mulher da história do país.
É, pois, novamente essa contradição que se acentua cada vez mais no Brasil. Todo o golpe, incluindo-se aí todos os aspectos dela - desde a Lava-Jato, passando pela postura de Aécio Neves pós-eleição e as posturas conspiratórias de Eduardo Cunha e Michel Temer  - são obras do exercício cotidiano que o império pratica em nosso país através de seus agentes, de olho em nossas riquezas e nos destinos da 7ª maior economia do mundo.
Perceber isso, parece, portanto, de extrema necessidade para escolher em quais trincheiras atuar nesse momento confuso da luta política no Brasil, pois os golpistas pretendem fazer uma certa varredura da política nacional, quase um "começar do zero" e fazer o país aprender a não votar mais na esquerda, como afirma Boaventura de Souza Santos, utilizando-se dos mais variados agentes - principalmente os do judiciário - e desprezando (ou utilizando quando necessário) outros, como Cunha e Temer.
Os episódios mais recentes revelam as contradições das forças dirigentes do golpe e de quem, de fato, o executa. Quisera as forças obscuras financeiras que o golpe fosse praticado por gente de mais confiança sua - como Serra, Alckmin e FHC, por exemplo - mas o golpe caiu nas mãos de gente como Cunha e Michel Temer, típicos batedores de carteira da política, sem nenhuma confiança das suas forças dirigentes.
É, então, no seio dessas contradições, que as forças progressistas devem buscar atuação, buscando acentuar ainda mais essas contradições, dividindo sempre que possível o lado de lá e buscando, cada vez mais, amplos setores com o mínimo de afinidades com os temas democracia e soberania nacional, eis a chave.
Diante da cada vez mais nítida do judiciário intervir na política - vide Sérgio Moro enviando notinha pela imprensa para confundir o povo brasileiro acerca da famigerada "anistia" ao caixa 2, que, na prática, não existe- e os casos de corrupção, tráfico de influência e crimes lesa-pátria cometidos pelos golpistas, chegou a hora de, mais uma vez levantarmos a bandeira que possa unificar amplos setores da sociedade, em torno da democracia e de um novo pacto nacional, que resgate os direitos sociais garantidos em 88 e dê uma pausa no retrocesso a galope que os golpistas praticam, é chegada a hora das Diretas Já, novamente; um grande movimento cívico de homens e mulheres que lutam pelo Estado Democrático de Direito e pelo Brasil. Chegou a hora! Diretas Já!

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