07 dezembro 2016

Juntar para resisitir

A saída há de ser construída a muitas mãos
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Não é uma mera suposição. É uma lei da História: país nenhum supera crises pela ação de uma única corrente política. Nem de líderes messiânicos.
Natural que em certas circunstâncias um partido se sobressaia, à testa da coalizão que lidera e exerça a hegemonia.
Também é natural que se destaquem líderes, postos em lugar proeminente por força das circunstâncias e de atributos pessoais.
Mas a superação dos obstáculos que se interpõem à trajetória progressista de uma sociedade há de se construir sempre a muitas mãos. Para o bem ou para o mal.
Na história do Brasil, alianças amplas e diversificadas foram fundamentais não apenas em lutas e conquistas marcantes em nossa evolução civilizatória - a Independência, a República, a Abolição, a Revolução de 30; como, mais recentemente, na superação do Estado Novo e na derrocada da Ditadura Militar e nos treze anos de governos Dilma-Lula, com imensas conquistas sociais.
De outra parte, a ascensão da direita e a ampla atração de forças centristas possibilitou o impeachment da presidenta Dilma, mesmo sem crime de responsabilidade, como reza a Constituição.
A promessa era de “apaziguar” a nação e retomar o crescimento econômico.
Na prática, os resultados têm sido o inverso. A crise econômica se aprofunda, o governo se atola em suas próprias contradições e em lamaçal ético (seis ministros caíram em tempo recorde de seis meses!) e o presidente não viaja com receio de ser execrado publicamente.
O Congresso Nacional, envolto na dispersão e no predomínio de grupos retrógrados e fisiológicos, encara a agenda regressiva em meio à própria desmoralização.
O Judiciário exorbita de seus poderes e abre conflito frontal com a o Legislativo.
Uma casta situada no Ministério Público Federal e em parte do Judiciário e da Polícia Federal ocupa espaço constante e em nome do combate à corrupção desrespeita as normas constitucionais e processuais, reproduzindo agora, com ares “civis”, procedimentos próprios da ditadura militar.
A grande mídia monopolizada – na prática, um dos poderes reais da República -, comprometida fundamentalmente com o interesses do mercado financeiro e avessa à defesa de nossa soberania, parece perder o controle sobre si mesma: abandona gradativamente o “seu” governo Temer e não sabe ainda para onde ir.
A aliança PSDB-PMDB faz água a todo instante, a ponto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se referi ao governo como uma “pinguela” frágil, porém a única ponte existente para um futuro mediato em que possa prevalecer novamente o figurino neoliberal. O mesmo praticado na Zona do Euro, de consequências tão nefastas quanto imprevisíveis.
Um cenário de ameaças, que beira o caos institucional e social.
Nesse contexto, às correntes políticas que resistem cabe encontrar o caminho de uma concertação ampla, plural e unitária, a partir do binômio produção e trabalho. Para recuperar a economia, estancar a crise social e salvar as instituições democráticas.

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