10 janeiro 2017

O mau uso das redes

Do pescoço pra baixo vale tudo 
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

A expressão eu a conheço desde as peladas de rua, na minha infância. As regras do futebol eram praticamente suspensas, ninguém podia reclamar falta de uma entrada mais dura e desleal. – “Do pescoço pra baixo, ta valendo!”
É o que acontece nas redes sociais, essa invenção extraordinária que nos possibilita o contato direto com as pessoas à distância e em tempo real, a baixo custo.
Uma ótima ferramenta, desde que delas nos apropriemos inteligentemente. Mesmo com a ressalva da manipulação mercadológica feita pelas empresas que as controlam.
A possibilidade da comunicação com milhares de pessoas em tempo real se constitui num grande salto qualitativo para quem como eu, e muitos outros companheiros e companheiras, vivemos a época do panfleto mimeografado distribuído clandestinamente, na resistência à ditadura militar.
O fato é que, dos mais de 70% da população brasileira que acessa a internet através de smartphones, 87% usam WhatsApp e 77%, o Facebook.
O mau uso é que atrapalha. Por exemplo, a enxurrada de saudações matinais de todo tipo — das mensagens místicas às piadas —, assim como fotos de pratos de comida e que tais, inviabilizam grupos de discussão. Além das agressões descabidas pelo simples fato de não se tolerar que o outro pense diferente.
Recentemente, postei nas redes esse aviso aos navegantes: Não tenho a menor condição de participar de nenhum grupo de discussão no WhatsApp. Já frequento o Facebook, o Twitter e o Instagram, além de editar meu próprio blog lucianosiqueira.blogspot.com. Escrevo às terças feiras no Blog da Folha, às quartas no Blog de Jamildo e às quintas no portal Vermelho. Tudo apesar das minhas pesadas agendas de governo e de Partido. No WhatsApp estou sempre à disposição para o contato bilateral, mas em grupo não. Não tenho tempo para acompanhar e não quero ser tomado como desatento.
De pronto recebi muitas mensagens de apoio e compreensão, inclusive de gente que incontinenti me convidou para integrar... um grupo!
O Twitter, que alguns subestimam por considerarem o WhatsApp e o
Facebook mais importantes, é valorizado por personalidades destacadas na cena mundial, como o Papa Francisco e os presidentes norte-americanos Obama, que está de saída, e Trump que se prepara para assumir.
Trump, aliás, tem usado esse micro blog para todo tipo de diatribes, atropelando relações diplomáticas, agredindo jornalistas e, anteontem, desferindo impropérios contra a atriz Meryl Streep. Conduta nada condizente com o cargo para o qual foi eleito.
Quem sabe em breve, passada a fase de alumbramento com as facilidades das novas ferramentas e aplicativos e superadas ou amenizadas – tomara! – as causas do sectarismo e da intolerância que ora predominam, as redes possam ser um espaço de convivência, de informação, de debate e de diálogo democrático. (Ilustração do site Circuito Geral)
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