28 junho 2017

Temer x Janot

Instituições fora de tempo e de lugar
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

O bate boca entre Temer e Janot parece mais briga de torcedor de futebol na esquina do que polêmica entre o principal mandatário do país e o procurador-geral da República. 

Reagindo à peça acusatória da PGE, o presidente ilegítimo inverte prioridades e mais ataca do que se defende - a despeito da gravidade das acusações que pesam contra si.

Que assim fosse. O contraditório afinal, se expressa de muitas formas - nem sempre as mais aconselháveis, mesmo em se tratando de altas autoridades estatais.

Mas nesse caso, infelizmente, é apenas mais um dentre muitos episódios de descomposturas que têm envolvido figuras destacadas dos chamados três poderes da República.

Expressão nítida e irretocável do drama institucional que vivemos, um empecilho à solução da crise sócio-econômica e ética que corrói as entranhas do Estado brasileiro.

Há uma narrativa rebaixada, podemos dizer assim, pela voz de gente como o ministro Gilmar Mendes e alguns dos seus pares, no STF; líderes partidários, titulares de ministérios e assim por diante.

É o retrato de instituições atrasadas e fora de lugar.

Concomitantemente, persiste um quase vazio de atores políticos que se apresentem como referências ao conjunto da sociedade, aptos a celebrarem um pacto que imponha à babel uma ordem mínima e se possa caminhar para a superação dos impasses nacionais.

A suspensão da pauta regressiva a partir da interrupção da tramitação das reformas trabalhista e previdenciária, o afastamento de Temer (no mínimo pelo encurtamento do seu mandato) e a antecipação de eleições gerais devolveria ao eleitor-cidadão, a prerrogativa de escolher o rumo que a nação deva seguir.

A pressão popular nesse sentido, seja através da greve geral prevista para o próximo dia 30, por iniciativa das centrais sindicais, seja pelo pronunciamento continuado de instituições e personalidades de reconhecido prestígio poderá - ainda há tempo - desempatar o jogo e produzir, no âmbito do Congresso, mesmo desgastado e sob suspeição, uma solução razoável para o impasse.

Ou seja, a fórmula para afastar Temer e antecipar as eleições.


Nesse cenário, urge substituir a narrativa desqualificada pelo bom debate em torno de propostas tais como as apresentadas pela articulação liderada pelo ex-ministro Bresser Pereira e o plano emergencial sugerido pela Frente Brasil Popular.

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