17 agosto 2017

Qual a saída?

Meta fiscal do fracasso
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

A queda de braço entre a equipe econômica e a área política do governo Temer durou sete dias até ser anunciada a nova meta fiscal. Querela típica de um governo que prioriza as finanças em detrimento da produção e insiste no falso caminho de retomada do crescimento com redução de investimentos públicos.

Quando Dilma anunciou o déficit de 70 bilhões foi um escândalo: a oposição e a grande mídia logo decretaram o fracasso e irremediável do governo legítimo.

Agora, um rombo de 159 bilhões, patrocinado pelo governo ilegítimo e a maioria parlamentar governista e a grande mídia tratam o assunto como natural e aceitável.
Realmente, tempo difícil e obscuro o que vivemos!

Concomitantemente, o IPEA anuncia o retorno às condições de existência abaixo da linha de pobreza de nada menos do que 4 milhões e 100.000 brasileiros desde o ano passado.

E deram o golpe policial-mediático-judiciário-parlamentar com a justificativa de que era preciso mudar a presidência da República para garantir a recuperação da economia e da oferta de empregos!
Nesse cenário, mostra-se lógico e coerente que em todas as pesquisas o índice de aprovação do atual governo não passa de 5%.

Assim como fica evidente que a cantilena sustentada pela maioria parlamentar neoliberal-fisiológica que votou contra o prosseguimento da denúncia por corrupção contra Temer — a estabilidade política e a normalidade da economia — não tem nenhuma sustentação na realidade.

E a crise segue qual filme de horror de longa duração cujo clímax, tudo indica, que será mais terrível do que o que se vê agora.

"Tudo isso é um absurdo e não entendo por que o povo não está nas ruas protestando", comenta um amigo pelo whatsapp.

A reação popular por enquanto está se alimentando que nem fogo de monturo, lentamente e labaredas surgirão inevitavelmente. É questão de tempo — retruco.

É tão certo que a grande maioria dos brasileiros está insatisfeita quanto ainda não enxerga na linha do horizonte propostas alternativas que inspirem confiança.

Levará tempo para que a multiplicidade de forças sociais e políticas hoje postadas na oposição convirjam para uma plataforma comum, lastreada na preservação da soberania nacional, normalização democrática e retomada do crescimento econômico inclusivo.

Certos estão os que propõem recuperar a capacidade de indução e planejamento do Estado e elevar a taxa de investimento, recorrendo ao sistema nacional de financiamento de longo prazo, restaurando o papel do BNDES e das empresas estatais estratégicas, as parcerias público-privadas e a busca de acesso ao fundo de investimento patrocinado pelo Brics, usando, inclusive, parte das reservas internacionais.

O centro de gravidade da recuperação da economia não pode ser o mercado financeiro e sim a indústria, fator determinante do desenvolvimento e da oferta de emprego. Mais: investimentos em infraestrutura, inovação tecnológica e na esfera social, reduzir estruturalmente a taxa real de juros, manter sob controle a trajetória da dívida pública e defender a moeda.

Como costuma dizer Miguel Arraes, “é por aí...”.

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