19 setembro 2017

Trump + Temer

Cena expressiva de um mundo em decadência
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Nos Estados Unidos, onde participa hoje da Assembleia Geral da ONU, Michel Temer ontem se encontrou com o presidente Donald Trump e posou sorridente para um grupo de fotógrafos pouco interessados e cumprindo mera missão profissional.

A cena por si mesma diz muito, retrato fiel de um mundo em que a decadência.

Trump, eleito presidente da ainda maior potência militar do globo em circunstâncias muito peculiares, exerce sua missão num misto de comportamento atabalhoado, agressivo e inconsequente.

O traço mais marcante da situação atual é a aceleração — sob o caldo de cultura de uma crise econômica e social estrutural do sistema capitalista — da transição da atual conformação de forças sob domínio unipolar norte-americano para uma nova ordem multipolar, na qual ganham expressão crescente a República Popular da China e a Federação Russa e, liderando a Comunidade Europeia, a Alemanha.

Temer, no exercício de um cargo a que foi içado através de um golpe institucional, no triste papel de energúmeno e impostor, como que prestando contas de sua agenda neocolonialista e regressiva de direitos e conquistas.

No concerto internacional, nos dois governos Lula e no primeiro governo Dilma, em sequência, o Brasil alcançou lugar de destaque — fruto de uma política externa altiva e proativa, seja como catalisador natural da conjugação de nações do subcontinente sul americano e da América Central, seja como protagonista da diversificação das relações comerciais e diplomáticas à margem das imposições dos EUA e da Comunidade Europeia.

Agora, há pouco mais de um ano, Temer e seu grupo, obedientes depositários de interesses manipulados desde Wall Street e Washington, rebaixa nosso país à vergonhosa condição de republiqueta subjugada.

Tempo tenebroso esse, que vivemos no mundo e no Brasil. Mas que a compreensão precisa da evolução da realidade concreta e das contradições inerentes ao sistema imperante mantém acesa a chama da esperança e impulsiona democratas e progressistas de todas as partes à luta emancipatória.

A cena armada em torno do encontro desses dois símbolos da decadência — Trump e Temer - há de servir de incentivo à resistência que aqui, nos EUA e mundo afora, sob diferentes formas e circunstâncias, vem gestando novo ciclo de transformações libertárias de nações e povo subjugados. 

E a tormenta degradante que ora agride a nação brasileira adiante será superada por ampla, e plural convergente aglutinação de forças progressistas.
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