03 outubro 2017

A força da mulher

Base objetiva para a igualdade de gênero
Luciano Siqueira

O debate ideológico é indispensável, bem sabemos, sobretudo quando se trata de vencer tabus e preconceitos e avançar na evolução civilizatória.

A base objetiva para dar sustança à mudança de padrões, entretanto, faz-se indispensável.

A luta pela igualdade de gênero, que nas últimas décadas tem obtido conquistas notáveis no mundo e no Brasil, encontra na sociedade capitalista tanto elementos de exacerbação da desigualdade quanto de estímulo à luta transformadora. A cada dia, a mulher deixa o forno e o fogão e vai à luta, ocupando seu lugar no mercado de trabalho, seja para ampliar a renda familiar, seja para garantir o sustento dos seus, convertida cada vez mais ela própria em chefe de família.

Uma das vertentes da ocupação da mulher é a iniciativa do próprio empreendimento. Nesse nicho, segundo pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor, a distinção entre homens e mulheres empreendedores diminui a passos largos no mundo e, em particular, no Brasil.

Só em 2016, 163 milhões de mulheres iniciaram o próprio negócio mundo afora. No Brasil, segundo a pesquisa, as mulheres tiveram no período mais iniciativas empreendedoras do que os homens.

Uma constatação sobre o fenômeno em nosso país, citada pelo Blog do Empreendedor, é muito significativa: o maior percentual de mulheres empreendedoras se situa entre 25 e 34 anos - fase da vida de extrema vitalidade e também propensa a novas ideias, acrescento.

Um reforço quantitativo poderoso, que se ajunta aos milhões de mulheres trabalhadoras de diversas outras categorias.

A mulher que trabalha e, portanto, não depende do marido-provedor tende a encarar a vida com um olhar para além da dependência e da submissão.

Vale para relações matrimoniais e familiares mais justas, vale também para a inserção da mulher trabalhadora na luta específica pela igualdade de gênero.

Ao movimento feminista cumpre estabelecer vínculos entre a luta pela sobrevivência e a luta pela igualdade - e assim ganhar maior dimensão, tanto prática (encorpando a sua capacidade mobilizadora), quanto político-teórica (porque não há como separar contradições de classe da contradição de gênero).

Assim, esta que é uma bandeira muito cara às forças populares e democráticas, há de ser empunhada crescentemente com mais vigor – para muito além dos limites da percepção meramente sexista.
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